Carta 1

Algum lugar, 06 de setembro de 2015.

          Caro Alguém,

Primeiramente quero lhe dizer que esta carta é totalmente sua, e dela você faz o que bem entender. Se você quiser amassar, rasgar ou queimar este papel quem sou eu para impedir?! Mas humildemente peço que você não faça qualquer uma dessas ações antes de ler o conteúdo desta, e também em detrimento da natureza (já que todos nós sabemos de onde provém os papeis…).

Em segundo lugar quero dizer que não sei o porquê de estar escrevendo essa carta. Mas sei que provavelmente esta será uma das poucas – ou talvez a única – que você receberá durante a sua vida. Isso ocorrerá pelo simples fato de que o ser humano considera obsoleto o uso desse meio de comunicação, em vista das diversas tecnologias e formas de interação que existem atualmente, tais como: e-mails e redes sociais. Contudo estou aqui, diante desta primeira carta, para dizer exatamente o motivo de gostar delas e defender um pouco o uso desse método em extinção.

O que é carta para mim? Antes era um método utilizado em diversos setores para garantir e assegurar uma comunicação. Hoje em dia ela representa um ato de amor – é claro que antigamente ela também tinha esse valor (tanto é que meus pais mandavam cartas um para o outro), mas nos dias atuais ela é mais representativa, e possui um maior impacto na vida de quem recebe.

Penso dessa forma pois ao receber uma carta você está recebendo mais do que palavras carregadas de um sentimento puro, isto é, você está recebendo o tempo de uma pessoa que (provavelmente) se importa muito com você. Se você parar e pensar um pouco chegará a conclusão de que a sociedade está cada vez mais rápida, as pessoas estão sem tempo para tudo, e tudo na vida de todos é regrado pelos ponteiros do relógio – herança essa deixada pelo nosso sistema econômico capitalista: “tempo é dinheiro”.

Então se de fato você já recebeu alguma carta, isso quer dizer que alguém parou e gastou seu precioso tempo para escrevê-la. Gastou minutos, talvez até horas, para pensar no conteúdo a ser colocado no papel, para tentar expressar em cada palavra aquilo que sente.

Por isso é importante valorizar esse meio de comunicação. Principalmente porque ele mostra-se como um opositor do sistema, ou seja, ele resiste ao capitalismo que provocou a correria extrema nas pessoas. É a prova de que ainda existe um método atemporal, um costume universal da sociedade que venceu as pisadas e marcas que o tempo lhe empregou.

E nesse século XXI, as cartas enfrentam uma batalha ainda pior com as constantes tecnologias que vivem aprimorando-se e fazendo parte das vidas das pessoas cada vez mais e mais. Transpassando a ideia de esse ser um meio rudimentar, sendo que ao meu ver isso não é uma verdade, e as cartas têm muito mais a oferecer para a sociedade do que se imagina.

Atenciosamente e muito grato por sua leitura,

M.M.

Ps: Convido-lhe a tirar um pouco de seu tempo para escrever uma carta para quem você considera indispensável em sua vida.